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     Neste semestre, o quarto período de Psicologia da Universidade Metodista de São Paulo inovou o modo de apresentação dos trabalhos, levando ao público informações sobre alguns temas, escolhidos pelos alunos; situações, fatos, histórias que acontecem durante a adolescência.

     Os temas abordados serão: distúrbios alimentares; drogas; relacionamentos amorosos; linguagem, cultura e grupos; família; primeiro emprego;  gênero e identidade sexual; lazer e esportes. 

     Mostraremos neste site a realidade do mundo adolescente. Um mundo cheio de dúvidas, incertezas, curiosidades, sonhos e muitas, mas muitaaaas emoções a flor da pele, destacando o ponto de vista do adolescente, da família e da sociedade.

Identidade e formação de  gênero                                                                                                                                                                                                                     

                 

 Desde o nascimento, o gênero do indivíduo (menino ou menina) é uma característica importante que influencia no modo como as pessoas reagem a este individuo.

A sociedade como um todo espera que homens e mulheres se comportem de modo diferente e assumam papéis diferentes na sociedade. As crianças, desde muito pequenas, passam por um processo no qual adquirem uma identidade, motivações e comportamentos adequados para o seu gênero. Porém, essas diferenças são apenas psicológicas ou comportamentais.

Ser homem ou ser mulher, implica em um conjunto de características físicas, emocionais, psicológicas, sociais e culturais. O indivíduo tem que não só fisicamente se reconhecer como pertencente ao sexo feminino ou masculino, mas também aprender o jeito feminino ou masculino de ser, acima de todas as características sexuais. Em nossa cultura, por exemplo, o papel feminino é definido como cuidador, doce, cooperativo e sensível. Já o papel masculino é definido como dominante, objetivo, independente e competitivo.

Alguns estudiosos dizem que não escolhemos nossa orientação sexual, ela acontece naturalmente. Outros acreditam que os indivíduos são capazes de optar por escolhas heterossexuais (pelo sexo oposto), homossexuais (pelo mesmo sexo) ou bissexuais (por ambos sexos).  Através de estudos recentes, acredita-se que parte dessa resposta se encontra no código genético, sendo que o ambiente também contribui para o desenvolvimento da orientação sexual. Outra visão aponta que o sexo pode ser determinado biologicamente, porém, a identidade sexual é estabelecida durante a infância e tende a permanecer a mesma por toda a vida, mas ainda não descobriram quais fatores contribuem mais para tal escolha.

Deve-se distinguir o comportamento homossexual, freqüente na infância e na adolescência (normalmente motivado pela curiosidade das mudanças físicas), do homossexualismo, que é a incapacidade de sentir-se atraído pelo sexo oposto.

Na puberdade pode haver um rápido aumento do comportamento homossexual pelo fato dos adolescentes estarem mais ligados intimamente com companheiros do mesmo sexo, ou seja, seus amigos, com quem conversam sobre sexualidade. Porém, esse contado geralmente causa sentimento de culpa e constrangimento entre eles. Nessa fase o adolescente busca apenas sua identificação sexual e um lugar na sociedade.

Os adolescentes podem se sentir ansiosos e até mesmo deprimidos por possuírem uma orientação homossexual pois, normalmente, isso gera a rejeição da família ou o abuso físico e verbal da sociedade caso sua orientação for conhecida. Por isso, muito jovens não assumem sua orientação homossexual.

Embora a sociedade considere a homossexualidade como um desvio do comportamento sexual, o homossexualismo não é uma anormalidade, e sim uma condição normal de uma parcela da população e está presente em todas as culturas e sociedades.

 

 

 

  

 

 AUTORAS:

Aline Assami Outa

Andréia Borsato Lopretto

Deise Aparecida dos Santos

Juliana Neves Pereira

Maira Bover Giatti

Paloma Terumi Sá Miyai

 

 

 REFERÊNCIAS   

 

ALVES, J. C. Garotos e garotas, a dança dos diferentes. 1 ed. São Paulo: Editora Moderna, 1998.

ANGELI, H. A. T. A problemática sexual na adolescência. Dissertação de Mestrado na Universidade de São Paulo - Psicologia Escolar. São Paulo: 1986.

PAPALIA, D. E.; SALLY, W. O.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano. 8 Ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

SHAFFER , D. R. Psicologia do Desenvolvimento: infância e adolescência. São Paulo: Thomson, 2005.

 

 

 

DROGAS E ADOLESCÊNCIA

 

Droga é qualquer substância capaz de alterar quimicamente o funcionamento do organismo. Drogas Psicoativas são drogas que afetam o comportamento, a consciência e o humor. (OMS, 1981)

 

Tipos de drogas:

 

  • BENZODIAZEPÍNICOS
  • INALANTES
  • COCAÍNA
  • CRACK
  • MACONHA
  • LSD
  • ECSTASY
  • ALCOOL
  • NICOTINA

 

A Adolescência segundo o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente, 1990) vai dos 12 aos 18 anos.

 

Dependência Química é o uso persistente da substância, aumento da freqüência de uso, forte desejo de consumo, a droga vira a prioridade (emprego, família, estudos), aumento da tolerância à substância, e quando interrompe o uso ocorre a síndrome de abstinência. (OMS, 1981)

 

Os fatores de risco para a entrada do adolescente nas drogas são:

 

1- Efeito cumulativo

2- Família

3- Envolvimento grupal

4- Papel da escola

5- Comunidade de convivência

6- Mídia

 

 

Alguns dados:

 

  • Adolescência e criminalidade

 

¨     1980 à 1997 – taxa estadual de homicídios

Aumento de 201% a cada 100.000 habitantes em São Paulo -SP

 

¨     Minas Gerais, Rio de Janeiro , São Paulo:

        A grande maioria dos adolescentes carentes

        morrem assassinados antes dos 30 anos

 

¨     Relação Salário-Crime: 15 aos 19 anos (sem ocupação)

      Emprego Honesto: após 20 anos, praticamente inexiste a entrada para a criminalidade.

 

Fonte : UFMG/FGV-RIO  / Andrade e Lisboa (2000)

 

 

  • Adolescentes e drogas

 

São Paulo -SP

 

¨      46% dos adolescentes entre 13 a 18 anos usam álcool

                       

Fonte: UNIFESP- SP*

 

 

¨     Fatores de risco para a entrada do adolescente das Classes A e B, nas drogas:

 

Ø      Terceirização da Educação: Escola em Período Integral/ Agenda Cheia

Ø      Consumo de bebidas alcoólicas dentro de casa pelos pais e familiares

Ø      Babás, empregadas, motoristas full time

Ø      Ausência da figuras paterna e materna

Ø      Consumismo exacerbado e falta de limites

Ø      Grupo ingere droga como status (ecstasy)

 

Andrade e Lisboa (2000)

 

 

Vídeos relacionados:

 

A Liga - Drogas (Parte 1) https://youtu.be/COt1ao6s6Gc

 

A Liga - Drogas (Parte 2) https://youtu.be/iWVE5JRCSdM

 

A Liga - Drogas (Parte 3) https://youtu.be/dQjhzEDkQVo

 

A Liga - Drogas (Parte 4) https://youtu.be/J4lQmckBfHE

 

A Liga - Drogas (Parte 5) https://youtu.be/s8CVXR9qLNM

 

A Liga - Drogas (Parte 6) https://youtu.be/kkdcN1691mg

 

A Liga - Drogas (Parte 7) https://youtu.be/a964BXn2w7Q

 

 

 

____________. Lei 8069 de 1990: Institui o Estatuto da criança e do adolescente. 2008. Disponível em: . Acesso em: 03 de set. 2010.

 

Organização Mundial da Saúde. 1981.

 

 

Referências

ANDRADE, M. V. ; LISBOA, M. B. Mortalidade nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. (Ensaios Econômicos EPGE, 399), Rio de Janeiro, 2000.

 

Transtornos Alimentares

 

 Veja abaixo dois vídeos referentes a transtornos alimetares. Sendo o primeiro o depoimento da novela "Viver a Vida" transmitida pela rede Globo de televisão, no ano de 2009/10 que trata o tema Anorexia. O segundo traz outros trantornos menos conhecidos, mas que não deixam de fazer parte do dia-a-dia das pessoas.

Depoimento

https://www.youtube.com/watch?v=tyTcQy7viLc

Outros transtornos

https://www.youtube.com/watch?v=IKPPxWeu1qU&feature=fvst

 

Integrantes:

Adriana Navarro

Aline Duarte

Camila Ferreira

Cristiane Kumayma

Natália Cavalcante

Thamara Bensi

 

Relacionamentos na Adolescência

 

  

Um dos assuntos mais polêmicos que ocorrem durante o período da adolescência são os relacionamentos amorosos.

Assista alguns videos que falam sobre relacionamentos nos dias de hoje e leia alguns artigos sobre adolescência!

 

A liga - https://www.youtube.com/watch?v=FoV3x-L-CkQ

A Liga -  https://www.youtube.com/watch?v=nKjh7dUFNe0&feature=related                                                                                               

A Liga - https://www.youtube.com/watch?v=RZimCNUKFSM&feature=related

Colonia de férias - https://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM188174-7823-REGINA+CASE+INVADE+UMA+COLONIA+DE+FERIAS+PARA+ADOLESCENTES,00.html

Pai precisa mandar - Veja - https://veja.abril.com.br/310399/p_009.html

Visão junguiana - Casamento - https://grupopapeando.wordpress.com/2008/09/11/a-expectativa-feminina-do-%E2%80%9Ccasamento-feliz%E2%80%9D-e-suas-implicacoes-psicologicas-atraves-da-psicologia-analitica/

 

   

 

 

Ao observarmos ao longo dos séculos percebemos que há uma grande diferença entre a época moderna e século XIX e começo do século XX, onde as relações “amorosas” estabelecidas muitas vezes vinham cedo na vida do jovem, com interesse em uma relação econômica/social.

Então, relações ocorriam até mesmo sem os jovens se conhecerem ou sem nenhum contato físico, sendo que os parceiros eram escolhidos pelos pais, os quais arranjavam casamentos com intuito financeiro e de posição social. Sempre com muita tradição familiares e obrigações morais, os casamentos realizados eram impossibilitados de terminarem.

Ao longo do tempo os relacionamentos, ou as constituições familiares começam a ser diferenciados pela presença do amor romântico, o qual muda a visão do intuito das relações.

As relações então começam a ter um sentido afetivo, onde o desejo do individuo é levado em conta, sendo este atraído pelo parceiro através da simpatia, atração física, correspondência afetiva, e ainda sim há o interesse na classe ou grupo social, porem desta vez.

Assim observa-se que nesta mudança na busca pelo parceiro, há a procura pelo no “bom partido”, que tem requisitos socioeconômicos e pessoais, por grupos de idade, classe social, tipo de educação, religião, tipo racial, etc. então, mesmo que não igual a tempos passados algumas regras tradicionais e preliminares ao namoro persistiram, mesmo não obedecidas totalmente.

Essas diferenciações nas atitudes de pré-namoro, sexuais e nos namoros, casamentos e noivados foram evoluindo pela evolução de diversos fatores, como: meios de transporte; emancipação da mulher; maior escolarização; ambos os sexos com profissionalização; varias opções de lazer; formação de lugares urbanos para ambos os sexos (bares, baladas,...); inovação dos métodos anticontraceptivos; permissão de divórcios; novas vestimentas; avanço dos meios de comunicação; entre outros.

O início das escolhas amorosas iniciou-se nos séculos 30, 40 e 50, com o footing, onde moças com suas amigas avaliavam seu tipo de interesse nos rapazes, ocorrendo um flirt, mais conhecido como flerte, onde tem-se a sedução por olhares, sorrisos e gestos.

A partir das revoluções recorrentes da 2º guerra mundial renova-se o conceito sobre a sexualidade humana, não sendo necessário apenas para reprodução, sendo levado em conta com liberdade de atração e sentimentos.

Hoje já se percebe que desde crianças a o estimulo de corresponde o que a sociedade espera, havendo desde cedo brincadeirinhas de namoradinhos na escola, vendo então que está é algo natural para a sociedade. Aprende-se que há uma diferença entre sentimentos entre aquela menina ou aquele menino. 

As relações passam a ser mais fluidas, breves, instantâneas, diversificadas e instáveis a partir da aceleração do tempo, e quebras das fronteiras geográficas e psicossociais, tendo-se então sujeitos buscando menos sentimentos e mais objetividade, onde mulheres ficam mais masculinizadas com maior individualização e busca de seus prazeres. Porem ainda sim há uma busca pelo heroísmo, onde principalmente meninas buscam seu príncipe encantado.

 Além disso nossa sociedade atual tem o isolacionismo, tornando a individualização algo perigoso nas relações e aproximações mais íntimas.

 Pesar da constante aprendizagem amorosa ao longo da vida do sujeito, ele só se dá conta disso quando esta a procura de seu parceiro, para ficar com quem também busca por ele. Isso começa a ocorrer quando há liberdade do adolescente sair sozinho. O jogo amoroso começa de forma sutil como um flerte, e ao longo da experiência do jovem ele se torna menos sutil.

 Na adolescência se inicia a busca pelo sexo oposto, o que ajuda no equilíbrio emocional e na formação da personalidade fazendo até bem para o coração e outros órgãos.

 O que antes não era um namoro sério hoje se aproxima do “ficar”, onde o relacionamento é para diversão, porem antes havia mais exigências quanto a durabilidade e fidelidade, havendo mais trocas de sentimentos.

 O “ficar” é para uma realização dos desejos imediatos, um desdobramento da paquera, sendo um jogo erótico realizado a partir das formas básicas e preliminares de relacionamento afetivo e sexual entre os adolescentes, onde exercitam suas competências sexuais, sua auto-estima e vão adquirindo experiências. Pode receber também o nome (entre os adolescentes) de “morder, beliscar” (conotação de desejo).

Já o namoro pressupõe a exigência de permanência, de mais consistência na relação.

 Em vista da nova realidade do jogo amoroso, como o “ficar”, ocorreram transformações também nas atividades constitutivas do relacionamento amoroso. Regras de antigamente foram transgredidas e contestadas pelas gerações do pósguerra, tendo quase sempre a intenção de um breve e passageiro relacionamento.

 Em uma só e mesma noite podem acontecer trocas de carícias, abraços, beijos e mesmo “transar”, ou seja, troca de carinhos por um período curto sem compromisso de namoro. Alguns podem continuar juntos e, depois de uns “rolos” (“ficar” junto alguns dias, semanas, vendo se a relação vai dar certo), transformarem sua relação em namoro ou futuro casamento.

 Ainda se vê uma discriminação entre meninos e meninas, onde meninas que ficam com vários meninos, é “galinha”, havendo uma rejeição desta. Porem, quando um menino fica com varias meninas, é “pegador”, havendo uma valorização do mesmo entre amigos e até mesmo entre meninas.

 A proibição que pode ocorrer pelos pais não trará muitas soluções, está hora é necessário para o adolescente que provavelmente irá fazê-lo da mesma forma, podendo ser escondido, pois nesta época há envolvimento afetivo-sexual, diferentemente de quando se é criança recebendo carinhos de forma passiva.

 Na cultura ocidental, existem modelos sociais diferentes para a menina e para o menino. Para a adolescente mulher, por exemplo, é esperado que ela desempenhe a um determinado papel feminino em sua relação amorosa, onde lhe é ensinado que ela precisa aprender a conquistar o sexo oposto devagar, seduzindo-o, sem declarações muito abertas. Para o menino, também cabem, hoje, o uso artifícios de sedução, e além dos produtos consumíveis, existe, para ambos, o “culto ao corpo”, que deve ser bonito e “bem malhado”.

 Porém, como nem tudo é mil maravilhas a todo momento se vê que mesmo sendo considerado, pelos jovens, tão bom “ficar”, a falta de uma perspectiva de futuro produz uma sensação de desamparo e insegurança; e quando se pensa em quão bom é namorar e casar, se pensa em uma vida muito limitada e pesada pelos compromissos assumidos, encargos domésticos e dificuldades na convivência diária sendo esse por tanto um preço a se pagar para ter a segurança desejada.

 Sendo assim, se por um lado é atraente o ideário do amor romântico, pela promessa de segurança, confiabilidade, fidelidade, durabilidade e outras vantagens, por outro, também é fascinante a promessa da maior independência, autonomia, realização, diversidade e outras coisas com as quais o amor confluente acena.

 Enfim, o dilema e os sofrimentos do romance ou do “ficar” sempre estão existentes dentro dos adolescentes que querem sempre buscar o preenchimento total de seus desejos, e ao se deparar com esta impossibilidade de perfeição, há um sofrimento, quase sempre exagerado e amplificado de suas emoções e sentimentos.

 

  

Referências:

 

ALVES, J. C. Garotas e garotos – a dança da diferença. 1ª ed. São Paulo: Moderna, 1997 – (Qual é o grilo?)

 

AZEVEDO, T. As regras do namoro à antiga: aproximações socioculturais. São Paulo: Ática, 1986.

 

SILVA, S.P. Considerações sobre o relacionamento amoroso entre adolescente. Cad. Cedes, 2002, 57(22):23-43.

 

GALLATIN, J. (1978). Adolescência e Individualidade: uma abordagem conceitual da psicologia da adolescência. São Paulo: Harper & Row do Brasil.

 

   

 

 

 

 

 

 

 

Cultura e Linguagem Adolescente

 

            A adolescência é um período de experimentação de valores, de papéis sociais, e tem como característica a ambigüidade. Neste período, o adolescente luta com a impossibilidade de efetivação da sua autonomia: ele adquire um status intermediário e provisório tutelado pelo adulto. Mas, como a infância e a adolescência se instituem a partir da cultura, mudanças sócio-culturais transformam a percepção destes períodos.  Como diz Abrano, o que define adolescência é a transitoriedade. 
 

  

Origem da adolescência           

             Foi nos primeiros anos do séc. XX que a adolescência passou a ser reconhecida formalmente. O autor americano Hall é considerado o inventor do termo adolescência . Esse advento tem sua origem com o crescimento industrial nas sociedades ocidentais que passaram a utilizar imigrantes como mão-de-obra para as tarefas antes exercidas por crianças e adolescentes. O avanço tecnológico, a educação como valor para a formação das forças de trabalho, as leis para o trabalho infantil e a obrigatoriedade da escolaridade já vigentes impuseram um “tempo de espera” ao adolescente, chamado "moratória", termo cunhado por Erik Erikson. Os adolescentes, por não possuírem competências e responsabilidades exigidas pelos adultos, aproximaram-se dos seus semelhantes e desenvolveram uma cultura própria. A partir da II Guerra Mundial essa experiência adolescente foi ampliada aos jovens, adiando a entrada dos mesmos no mercado de trabalho. E isso por causa da formação universitária e da mudança nas relações amorosas (como o casamento) que deveriam ser precedidas pela estabilização da carreira profissional. Hoje uma extensão da adolescência é incentivada pela sociedade ao exigir mais treinamentos e especializações para a obtenção da carreira desejada

  

Um Novo Tempo Hoje – Cultura mutante 

           A contemporaneidade tem transformado as relações entre pais e filhos, adultos e adolescentes, de autoritárias para relações igualitárias (diálogo, participação e compreensão). Por vezes, há até mesmo uma superioridade dos jovens em relação aos pais (como na utilização e manejo das tecnologias). Logo, se antes a socialização se dava por relações de desigualdade, atualmente crianças e adolescente são atores que reagem, agem, negociam e redefinem a realidade social. Antes, a seqüência do ciclo da vida era clara, hoje os filhos permaneçam mais tempo junto dos pais porque há dificuldade de obtenção de emprego e o prolongamento do estudo faz com que o jovem adie cada vez mais a saída da família e a constituição da própria. 

         Diante da crise de autoridade parental e novos paradigmas sociais, os pais, em sua indecisão sobre o que é certo ou errado, acabam depositando a confiança em especialistas. Para alguns pensadores é imprescindível se delimitar os processos de mudanças desencadeados no interior da organização familiar rumo a uma maior flexibilização do modelo tradicional fortemente hierarquizado. Na medida em que a família tradicional entrou em declínio, ela também perdeu o poder de influência na formação dos indivíduos. Com as novas conformações das relações familiares, a figura paterna está mais diluída. Esse enfraquecimento está associado à incapacidade paterna de se situar no lugar da lei. A criança e o jovem aprendem com os meios de comunicação de massa e com seu grupo. E com o declínio do potencial de referência das figuras parentais no interior da família abre-se o espaço para que todo um sistema de agentes e agências sociais extrafamiliares atuem precocemente sobre os indivíduos. É promovida, assim, um tipo de socialização com o qual as referências familiares não conseguem competir.    

 

Cultura de Massa e de Consumo – adolescência com preço         

         Crianças e jovens sofrem uma exploração socialmente aceita: são consumidores dos produtos supérfluos abundantemente produzidos pela sociedade industrial (brinquedos, roupas, utensílios de higiene pessoal que trazem o símbolo do ídolo). Os especialistas, com o uso dos meios de comunicação de massa, transmitem os valores requeridos, oferecem um treino perfeito em eficiência, dureza, personalidade, sonho e romance. Aqueles que não estão nesse padrão são punidos, não tanto no seio da família, mas fora dela. Com isso, a indústria cultural fornece os padrões para a fixação da conduta e modelos com o enfraquecimento da autoridade paterna. Os pais são substituídos pelos personagens que invadem a intimidade da família, se prestando à identificação. O culto à aparência, à beleza e a criação da necessidade de se conservar a juventude, bem como a ideia intrínseca de que o consumo iguala a criança, jovem e o adulto, fazem parte da pseudo formação da indústria cultural que mobiliza desejos. 

 

Praticidade, identidade, transitoriedade: da linguagem aos ídolos   

         Na contemporaneidade as tecnologias prevalecem. A informação é rápida, vinda de diferentes veículos de informação. Surge uma nova linguagem na qual as grafias das palavras são adaptadas, simplificadas e prevalecem abreviações. Essa é a geração “zapping” (expressão inglesa que se refere ao ato de mudar constantemente o canal). Outro fenômeno contemporâneo é a simultaneidade, ou seja, tudo está ligado ao mesmo tempo. Por exemplo, o som permanece ligado enquanto o adolescente le, telefona, troca mensagens pelo computador, assiste televisão e estuda. Consequentemente o jovem estabelece uma forma singular de contato com o mundo: há referência de curta duração que acaba servindo para que ele se diferencie da maioria das pessoas. Assim, modismos e culto à ídolos fazem mais sentido. A ideia do ídolo como um símbolo de uma forma de pensar e viver, ou como modelo de identificação, deixa de ser parte do ideário de uma geração e o ídolo passa a ser apenas objeto de diversão pura e simples. Como outros aspectos do cotidiano, o próprio entretenimento é descartado e passa rápido. O rapaz que nas férias passadas foi surfista poderá adotar o visual “emo” no próximo final de semana, alterando seus hábitos, pôsteres, estilos musicais e locais que freqüenta.  

        A criança e o jovem aprendem com os meios de comunicação de massa e com seu grupo. É amplamente conhecido que adolescentes em sua fala natural utilizam-se de gírias na comunicação. Gírias nada mais são do que novas significações para palavras e termos já existentes. Ribeiro (2005) e Avarez (2007) afirmam que o objetivo da gíria é não se fazer entender por quem não pertence a um certo grupo, assim ela pretende manter a identidade e a consciência deste. Plachi (2009) afirma que as marcas lexicais na linguística e discurso definem determinados grupos que acabam não se misturando com outros, pois juntamente com esta fala também estão envolvidos vestuário, comportamento social e outros elementos. Por exemplo, um menino com vestimenta de rapper tende a exibir uma fala não institucionalizada por acreditar que assim caracterizaria mais seu estilo pessoal e de seu grupo. Os grupos/tribos de adolescentes geralmente tem crenças, atitudes, e como já dito, linguagem e aparência parecidas, sendo geralmente inconfundíveis a olho nu.

        De acordo com La Taille (1992) sob a visão de Piaget, é nas interações sociais que a inteligência humana se desenvolve, pois o ser humano não pode ser pensado fora do contexto social em que nasce e vive. Ribas et al (2007) postula que os adolescentes sempre estão mais familiarizados com o mundo tecnológico e, que, conseqüentemente, a influência que estes recursos tecnológicos têm na vida do adolescente é muito grande. Com isso em sua linguagem, a fala normal incorpora termos utilizados na internet por exemplo tornando-os parte de seu vocabulário cotidiano. Alvarez (2007) diz que apesar da significação na diferença entre grupos, a gíria é pouco resistente ao tempo, permanecendo por um período, mas, ao esgotar-se, desaparece. Há opiniões de que a linguagem de internet é negativa e prejudicial à vida acadêmica e profissional do adolescente. Contudo, devemos considerar que se o adolescente digita na internet e fala frases como “kra, vlw”, mas le livros com conteúdo expressivo e vocabulário amplo, por exemplo, não há motivos para preocupação.



O fim da adolescência     

        Se décadas atrás, o estabelecimento de uma identidade era dada no nascimento pela condição social e pelo sexo, hoje cada um deve construir a sua. E o adolescente, no curso da busca por identidade pessoal, pode encontrar no grupo e nos amigos, os referênciais (mesmo que transitórios) que precisa para sua estruturação e desenvolvimento. A passagem da adolescência para a maturidade será concluída se o jovem encontrar um caminho na busca de um papel social, na busca pelo primeiro emprego e por uma carreira. E até a multiplicidade de opções nos vestibulares dificulta essa escolha. Logo, o desafio da passagem da adolescência sob um desenvolvimento satisfatório do indivíduo é intensificado diante da construção cultural atual que, ao mesmo tempo em que exalta a adolescência (seja através do consumo, seja através da idealização juvenil), também pode falhar ao não apresentar ao adolescente princípios norteadores (não necessariamente autoritários) que lhe dêem segurança numa época marcada pela transitoriedade.

 

 Integrantes: Chayane Pinheiro, Elen Rocha, Fernando Huf, Helynne Andrade, Jessica Falkenstein, Nicoli Bagagini 

 

 

REFERÊNCIAS

 

ALVAREZ, M. L. O. A gíria juvenil em três contextos latinoamericanos: Cuba, Brasil e Chile. Contextos. v. 1, p. 21-38, 2007.

 

NETTO, S. P. Psicologia da adolescencia. 5 ed. São Paulo: Pioneira, 1976

 

RIBAS, E. et al. A influência da linguagem virtual na linguagem formal de adolescentes. Programa de Pós-graduação em Educação, Ciências e Matemática. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2007. Disponível em: . Acesso em: 26 ago 2010.

 

RIBEIRO, S. N. A língua do adolescente: linguagem especial ou gíria? 2005. Disponível em < https://www.filologia.org.br/ixcnlf/12/04.htm>. Acesso em 26/08/10. 

 

PLACHI, D. Adolescentes, linguagem, distinção: um estudo a respeito das diferenças de falas de adolescentes. Travessias. vol 3, n. 1, 2009. Disponível em < https://www. unioeste.br/prppg/mestrados/letras/revistas/travessias/ed_005/artigos/linguagem/pdfs/ADOLESCENTES.pdf >. Acesso em: 26 ago 2010.

 

 

 

 

 

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