O corpo encontra-se no centro da maior parte dos conflitos do adolescente. Durante a puberdade a transformação se dá, não somente pelo acesso à genitalidade, mas também pelo acréscimo de massa corporal em altura e peso. Seu corpo não é uma versão aumentada do corpo infantil, mas, é um corpo imaginário e desproporcional, que não mais corresponde à sua antiga imagem. A irrupção da sexualidade, que até então estava latente, desestrutura o esquema corporal até então construído. A imagem corporal é, então, ultrapassada pelas intensas transformações da puberdade e, dessa forma, a adolescência vai reeditar algo do narcisismo e do estádio do espelho. A imagem ideal, até então sustentada pelos pais da infância, torna-se altamente ameaçada frente ao olhar do Outro. Assim, o adolescente passa a buscar em seus pares, a reafirmação de sua nova imagem. Como parte de um grupo, o jovem busca o entendimento de si mesmo, das verdades e, acima de tudo busca a afirmação. A identificação simbólica é de grande importância para a compreensão das questões na adolescência, pois aponta para o Outro, uma posição externa, como possibilidade de articulação do universo de identificações (GARRITANO, SADALA, 2009).
De acordo com Pedretti e Vasconcelos (2006): “A perfeição estética relega status, fama, dinheiro e reconhecimento da sociedade a um indivíduo” (p. 2), mas contrapondo-se a essas características denominadas positivas surgem alguns males, como stress, ansiedade, baixa auto-estima, depressão, obsessão e transtornos alimentares.
Nos últimos anos a anorexia e a bulimia tornaram-se a cada dia mais comum, já que pela saúde e pela beleza, alguns adolescentes, em especial as meninas, entram em uma luta constante para perder peso. Em muitos casos, essa luta acaba se tornando uma patologia. (PAPALIA; OLDS, 2000).
ANOREXIA
A anorexia é identificada a partir de um sintoma chave, a distorção da imagem corporal, mas este pode se apresentar das mais diferentes formas, algumas delas são: deixar de realizar refeições, já que apenas em fazes avançadas a pessoa não come; assumir dietas inapropriadas e pobres em calorias; pesar-se constantemente; ao ser questionado sobre alimentação, irritar-se facilmente; realizar muitos exercícios físicos, e, em alguns momentos, comer exageradamente, algo que é seguido por uso de laxantes ou estimulação ao vômito. (BANCO DE SAÚDE5, 2010).
O diagnóstico da anorexia é realizado através de consulta clínica com o paciente e a família, podendo ser necessários exames complementares. O tratamento deve ser iniciado logo depois da confirmação da anorexia e é amplo, já que inclui acompanhamento psiquiátrico, utilização de psicofarmacoterapia, com medicamentos antidepressivos ou antipsicóticos; acompanhamento médico clínico, para tratamento de eventuais complicações, internação em casos extremos; acompanhamento nutricional para recuperação de peso e reabilitação alimentar, e acompanhamento psicológico, para que a(o) anoréxica(o) se torne conscientes sobre seus atos, podendo assim modificá-los, muitas vezes esse tratamento é estendido a família.(BANCO DE SAÚDE4,6, 2010)
BULIMIA
Os pacientes com bulimia apresentam alguns sintomas semelhantes aos com anorexia, por exemplo, a predominância no sexo feminino e a ocorrência me sua maioria entre adolescentes e mulheres jovens, porém, de forma pouco mais tardia do que na anorexia, por volta dos 18 anos. Muitas vezes os familiares não percebem o transtorno, pois não há perda de peso significativa, por isso os sintomas passam despercebidos durante muitos anos. (AZEVEDO; ABUCHAIM,1998).
Na bulimia nervosa as jovens, se entregam a comidas rápidas, geralmente de duas horas ou menos e depois pelo sentimento de culpa pelo alto consumo de calorias acabam induzindo o vômito, caracterizando o sintoma principal da bulimia. Fazem dietas severas, uso de laxantes, diuréticos, e fazem exercícios rigorosos. A pessoa com esse transtorno é obcecada pela forma e pelo peso, assim a Bulimia Nervosa se caracteriza por uma grande ingestão de alimentos de uma maneira muito rápida e com a sensação de perda de controle (chamados episódios bulímicos). Os episódios são acompanhados de métodos compensatórios inadequados para o controle de peso, como: vômitos auto-induzidos, utilização de medicamentos (por exemplo, os laxantes e inibidores de apetite), dietas e exercícios físicos. (PAPALIA, OLDS, 2000; AZEVEDO, ABUCHAIM, 1998).
OBESIDADE
A grande maioria dos adolescentes ingere mais calorias do que gastam, sendo assim acabam ganhando peso. Nos Estados Unidos a obesidade é o traNstorno mais comum, e cerca de 5% dos adolescentes são obesos. (PAPALIA; OLDS, 2000)
A obesidade pode ser classificada em quatro tipos: Obesidade Hiperfágica (compulsivo ou não, ainda não existe um regra para enquadrar um obeso na classe dos hiperfágicos, isso será observado apenas pelo inquérito alimentar adequado); Obesidade Metabólica (ingerem a quantidade certa da dieta e mesmo assim continuam engordando ou não perdendo peso, isso se dá por conta de uma anormalidade hormonal e assim a pessoa tem baixo metabolismo o mais comum desse problema é o hipotireoidismo); Obesidades Iatrogênicas (drogas psicotrópicas e corticosteróides comumente provocam ganho de peso) e a Obesidade genética (fatores genéticos também podem levar a obesidade, doenças genéticas raras com características dismórficas) (COUTINHO, 1998).
O tratamento da obesidade se baseia no seguimento de uma dieta restritiva de baixas calorias e prática de atividades físicas regularmente, além da opção do uso de medicações para emagrecer e realização de cirurgias para perder peso, conhecidas como cirurgias bariátricas. O tratamento é multidisciplinar, envolvendo profissionais das mais diferentes áreas da saúde, entre eles médico endocrinologista e nutricionista, o psicólogo também pode ser necessário se for constatado algum problema emocional relacionado a doença. (BANCO DE SAÚDE18, 2010; MATOS, BAHIA, 1998).
TRANSTORNO DO COMER COMPULSIVO
É definido como uma quantidade de alimento maior do que uma pessoa poderia comer durante um período de tempo. O transtorno do comer compulsivo é outro transtorno caracterizado pelos episódios de bulimia. Esse ataque não vem com vômitos, uso de laxantes, ou exercícios físicos exagerados como nos outros transtornos (APPOLINÁRIO, 1998)
Veja abaixo dois vídeos referentes a transtornos alimetares. Sendo o primeiro o depoimento da novela "Viver a Vida" transmitida pela rede Globo de televisão, no ano de 2009/10 que trata o tema Anorexia. O segundo traz outros trantornos menos conhecidos, mas que não deixam de fazer parte do dia-a-dia das pessoas.
Depoimento
https://www.youtube.com/watch?v=tyTcQy7viLc
Outros transtornos
https://www.youtube.com/watch?v=IKPPxWeu1qU&feature=fvst
Integrantes:
Adriana Navarro
Aline Duarte
Camila Ferreira
Cristiane Kumayma
Natália Cavalcante
Thamara Bensi
REFERÊNCIAS
APPOLINÁRIO, J.C. Transtorno do Comer Compulsivo. In: NUNES, M.A.A; APPOLINÁRIO, J.C. ABUCHAIM, A.L.G; COUTINHO, W. Transtornos alimentares e Obesidade. Porto Alegre: Artmed, 1998
AZEVEDO, A.M.C; ABUCHAIM, A.L.G. Bulimia Nervosa: classificação diagnóstica e quadro clínico. In: NUNES, M.A.A; APPOLINÁRIO, J.C. ABUCHAIM, A.L.G; COUTINHO, W. Transtornos alimentares e Obesidade. Porto Alegre: Artmed, 1998
BANCO DE SAÚDE4 Anorexia – Diagnóstico. 2010. Obtido em <https://www.bancodesaude.com.br/anorexia-nervosa/diagnostico-anorexia-nervosa>
BANCO DE SAÚDE5. Anorexia – Sintomas. 2010. Obtido em <https://www.bancodesaude.com.br/anorexia-nervosa/sintomas-anorexia-nervosa>
BANCO DE SAÚDE6. Anorexia – Tratamento. 2010. Obtido em <https://www.bancodesaude.com.br/anorexia-nervosa/tratamento-anorexia-nervosa>
BANCO DE SAÚDE18. Obesidade – Tratamento. 2010. Obtido em <https://www.bancodesaude.com.br/obesidade/tratamento-obesidade>
COUTINHO, W. Obesidade: conceitos e classificação. In: NUNES, M.A.A; APPOLINÁRIO, J.C. ABUCHAIM, A.L.G; COUTINHO, W. Transtornos alimentares e Obesidade. Porto Alegre: Artmed, 1998
GARRITANO, E.J; SADALA, G. O adolescente e a cultura do corpo na contemporaneidade. Inter-Ação, Goiânia, v. 34, n. 2, 2009. Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/index.php/interacao/article/view/8506>
PAPALIA, D.E; OLDS, S.W. Desenvolvimento Humano 7 ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
NUNES, M.A.A.; RAMOS, D.C. Anorexia Nervosa: classificação diagnóstica. In: NUNES, M.A.A;
APPOLINÁRIO, J.C. ABUCHAIM, A.L.G; COUTINHO, W. Transtornos alimentares e Obesidade. Porto Alegre: Artmed, 1998